Compositor: Alberto Cortéz
Sim senhor, o vinho pode tirar
Coisas que o homem cala
Que deveriam sair
Quando o homem bebe água
Vai procurando, peito adentro
Pelos silêncios da alma
E vai lhes dando vozes
E criando palavras
Às vezes tira uma pena
Que por ser pena, é amarga
Sobre seu palco de fogo
A faz dançar descalça
Dança e dançando aparece
Até que o vinho se acaba
E então, volta a pena
A ser silêncio da alma
O vinho pode tirar
Coisas que o homem cala
Coisas que queimam por dentro
Coisas que apodrecem a alma
Daqueles que desviam olhares
Daqueles que escondem suas caras
O vinho, então, libera
A valentia presa
E disfarça eles de machos
Como um passo de mágica
E então, são machões
Até que o vinho acaba
Pois do másculo ao covarde
Apenas média, a ressaca
O vinho pode tirar
Coisas que o homem cala
Muda o prisma das coisas
Quando mais é preciso
Aos que carregam sua culpa
Como uma cruz nas costas
A prostituta pensa que é pura
Como quando eu era menina
E o corno dribla
O tamanho de seus chifres
E tudo tem cores
Castidade, simulada
Porque eles sempre terminam o vinho
Os dois na mesma cama
O vinho pode tirar
Coisas que o homem se cala
Mas que bom é o vinho!
O que se bebe na casa
Daquele que está limpo por dentro
E que tem brilhando a alma
Que seu pulso nunca treme
Quando pulsa uma guitarra
Que não lhe falte um amigo
Nem noites para gastar
Que quando tem um pecado
Sempre aparece em sua cara
Que bebe vinho por vinho
E bebe a água, por água